Conto: Na Plantaçao de Lavanda
O sol se punha no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e púrpura, enquanto uma brisa suave dançava entre os campos de lavanda em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O aroma das flores roxas enchia o ar, criando uma atmosfera envolvente e quase mágica. Clara, uma jovem de beleza estonteante e misteriosa, caminhava lentamente entre as fileiras da plantação. Seus dedos roçavam as flores delicadas, sentindo o toque macio e o perfume adocicado. O que poucos sabiam é que Clara era uma acompanhante de luxo, com clientes que a procuravam não apenas pela sua beleza, mas pela sofisticação e elegância que trazia a cada encontro.
Ela adorava aquele lugar, onde a paz parecia eterna e o tempo corria de maneira diferente. Todas as tardes, depois de um longo dia de trabalho como garota de programa, Clara caminhava entre as lavandas para encontrar algum consolo para seus pensamentos tumultuados. Mas naquela tarde, havia algo diferente. Sentia-se inquieta, como se algo inesperado estivesse prestes a acontecer.
Ao longe, ela avistou uma figura que se destacava no campo. Não esperava encontrar ninguém ali àquela hora. O coração de Clara acelerou quando reconheceu a silhueta alta e forte de Lucas, o jovem que trabalhava na propriedade vizinha. Ele estava ajoelhado entre as plantas, aparentemente concentrado em algo, mas logo percebeu sua presença.
— Não sabia que vinha aqui a essa hora — disse ele, levantando-se lentamente e limpando as mãos nos jeans desgastados, enquanto se aproximava com um sorriso travesso.
— Eu gosto da tranquilidade... E você? O que faz aqui tão tarde? — Clara perguntou, tentando soar casual, embora seu coração estivesse batendo rápido demais.
— Acho que estou começando a gostar do mesmo motivo — ele respondeu, olhando-a nos olhos com uma intensidade que a fez desviar o olhar por um breve segundo.
A plantação de lavanda parecia se estender infinitamente ao redor deles, o cheiro das flores enchendo o ar com uma doçura quase inebriante. A proximidade de Lucas fazia Clara sentir um nervosismo que ela não estava acostumada a sentir. Apesar de ser acompanhante de luxo e acostumada a dominar situações, algo na presença dele quebrava suas defesas.
— Sabia que essas flores têm propriedades relaxantes? — ele disse, abaixando-se e pegando um pequeno ramo de lavanda, que entregou a ela. Seus dedos roçaram os dela por um instante, e Clara sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— Eu sei... — murmurou ela, quase sem voz, enquanto o aroma da lavanda e a proximidade dele deixavam o ambiente ainda mais intoxicante.
Houve um momento de silêncio entre eles, apenas o som do vento suave que balançava as flores. O olhar de Lucas sobre ela era penetrante, e Clara sentia o calor subir por suas bochechas, embora a brisa estivesse fresca. Ela sempre o achou atraente, com seu jeito tranquilo e sorriso fácil, mas nunca imaginou que um simples encontro na plantação de lavanda pudesse despertar nela um desejo tão profundo.
— Sabe, Clara... — disse ele, aproximando-se um pouco mais. — Sempre quis te conhecer melhor, mas parece que nunca encontramos o momento certo. Talvez... hoje seja esse dia.
O coração dela acelerou ainda mais. Estava tão próxima dele que podia sentir seu cheiro, uma mistura de terra e lavanda, um aroma que parecia natural e irresistível. As palavras ficaram presas na garganta, e quando tentou falar, Lucas já estava mais perto, tão perto que ela podia sentir o calor de seu corpo.
— E se aproveitássemos o momento? — ele sussurrou, seus lábios quase tocando os dela.
Clara sentiu um arrepio subir por sua pele. O campo de lavanda ao redor deles parecia desaparecer, e o mundo agora se resumia ao toque leve de seus corpos, à proximidade que fazia seu coração bater descompassado. Com um movimento suave, Lucas envolveu a cintura dela com as mãos, puxando-a de leve para perto de si.
Ela fechou os olhos, sentindo o toque dele como uma promessa de algo que ela não conseguia mais resistir. Quando seus lábios finalmente se encontraram, foi como se o tempo tivesse parado. O beijo foi suave no início, mas logo se intensificou, como o vento que, de leve, se transformava em uma corrente poderosa. O sabor do beijo misturava-se ao aroma das lavandas, e Clara se perdeu no momento, esquecendo-se de tudo ao redor.
Lucas a encostou suavemente em uma árvore próxima, o tronco áspero contrastando com a suavidade de seus corpos. Suas mãos exploravam os contornos do corpo dela com uma urgência controlada, e Clara se entregou àquele toque, cada carícia despertando sensações que ela nunca havia experimentado antes.
O campo de lavanda, agora um mar de roxo e dourado sob o pôr do sol, parecia ser o cenário perfeito para o desejo crescente entre eles. Aquele lugar que sempre fora pacífico e sereno agora testemunhava a explosão de uma paixão inesperada, onde os dois se deixavam levar pelo momento, pelo desejo que não podiam mais conter.
A noite começava a cair lentamente, e a lua surgia no céu, lançando uma luz suave sobre a plantação. Clara e Lucas, envoltos em seus braços, sabiam que aquela noite marcaria o início de algo novo. Entre os campos de lavanda em São José dos Pinhais, o amor florescia, tão intenso e inebriante quanto o perfume das flores ao redor.