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Conto: Sob o Ceu da Roça

Conto: Sob o Ceu da Roça

O entardecer na roça tinha um encanto único. O sol, baixo no horizonte, pintava o céu de tons de laranja e dourado, e o campo parecia mergulhar em uma quietude acolhedora. Amanda, sentada no alpendre da casa simples, observava a paisagem serena à sua frente. Vivia na cidade, mas sempre que podia, escapava para a fazenda da família para sentir o cheiro da terra molhada e o vento fresco da tarde.

Dessa vez, no entanto, havia algo diferente. Ou melhor, alguém. João, o peão que trabalhava nas terras da família há alguns meses, tinha capturado sua atenção desde a primeira vez que o viu. Moreno, de braços fortes e com uma atitude tranquila, ele parecia fazer parte da própria terra que cultivava. Seus olhares furtivos e sorrisos tímidos já haviam trocado faíscas suficientes para acender algo dentro dela, mas nenhum deles havia dado o primeiro passo.

Até aquela tarde.

Amanda desceu do alpendre e caminhou em direção ao estábulo, onde sabia que encontraria João terminando suas tarefas. O som distante das galinhas e o farfalhar do vento nas folhas das árvores acompanhavam seus passos, e seu coração batia mais rápido conforme ela se aproximava.

Ao entrar no estábulo, o cheiro de feno e terra úmida encheu seus sentidos. João estava lá, com as mangas da camisa dobradas, exibindo seus braços musculosos enquanto terminava de limpar o lugar. Ele a viu e parou o que estava fazendo, os olhos escuros fixos nos dela com uma intensidade que fez Amanda prender a respiração por um momento.

— Oi, João — disse ela, tentando parecer casual, mas com o corpo inteiro tomado por uma tensão que não conseguia esconder.

— Oi, dona Amanda — respondeu ele, com um sorriso discreto nos lábios. — O que te traz aqui a essa hora?

Ela deu mais alguns passos, sentindo a energia entre eles crescer. O espaço ao redor parecia diminuir, como se o ar estivesse carregado de algo mais do que apenas a calma da roça.

— Só queria... conversar — respondeu, com a voz um pouco trêmula.

João largou a pá e se aproximou devagar, com os olhos ainda presos aos dela. Quando chegou perto o suficiente, Amanda sentiu o calor que emanava de seu corpo e o cheiro suave de suor misturado ao feno. Aquela proximidade, que antes era apenas uma fantasia, agora parecia mais real do que ela podia suportar.

— Conversar? — ele repetiu, com um tom sugestivo, suas mãos pousando levemente na cintura dela.

O toque foi suave, mas o efeito foi instantâneo. Amanda sentiu um arrepio subir por sua espinha, e sem pensar duas vezes, envolveu os braços ao redor do pescoço de João, puxando-o para mais perto. Seus corpos se encontraram, quentes e firmes, e o beijo que seguiu foi carregado de todo o desejo que ambos haviam reprimido por tempo demais.

As mãos de João deslizavam pela cintura de Amanda, sentindo cada curva de seu corpo, enquanto ela explorava os ombros fortes e o peito largo dele. O feno macio sob seus pés parecia um cenário perfeito para o calor que os consumia naquele momento. O som das cigarras ao longe e o vento suave completavam o cenário rústico, mas intenso.

João a segurou com firmeza, encostando-a contra a parede do estábulo, e seus lábios não se desgrudaram enquanto as mãos se moviam com uma urgência que só o desejo reprimido pode provocar. Amanda se entregou completamente, cada toque e beijo acendendo uma chama que ela nem sabia que carregava.

O tempo pareceu parar naquele instante. A roça, o campo, o estábulo... tudo ao redor desapareceu, e o mundo deles se resumiu àquele momento íntimo, quente e cheio de paixão. Os corpos se moviam em sintonia, cada respiração pesada ecoando no silêncio da noite que começava a cair.

Quando finalmente se afastaram, ambos ofegantes e com os rostos corados, João sorriu, os olhos ainda brilhando de desejo.

— Acho que a conversa foi melhor do que eu esperava — disse ele, provocando um riso em Amanda, que mordeu o lábio, ainda sentindo a excitação em sua pele.

— Quem sabe a gente continue mais tarde... — sussurrou ela, antes de dar um último beijo rápido e sair do estábulo, sentindo o olhar de João queimando em suas costas enquanto se afastava.

A noite na roça prometia ser longa, e Amanda sabia que aquele encontro era apenas o começo de algo que ela não queria mais evitar.

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