Conto: No Plantao da Madrugada
A madrugada no hospital era sempre silenciosa e envolta em uma atmosfera quase mágica. As luzes suaves dos corredores faziam sombras dançarem nas paredes, enquanto os poucos sons vinham dos monitores que mantinham o ritmo constante da vida dos pacientes. Ana, uma jovem enfermeira, caminhava pelos corredores vazios, concentrada em suas rotinas, mas não podia ignorar o cansaço que começava a pesar em seus ombros após horas de plantão.
Era uma noite especialmente longa, e Ana, com seu jaleco impecável e cabelos presos, fazia o que podia para manter a energia alta. Contudo, algo mais vinha ocupando seus pensamentos. Há semanas, ela notava a presença do Dr. Ricardo, o novo médico da equipe, com um interesse crescente. Alto, com ombros largos e olhos penetrantes, ele sempre parecia observá-la de forma discreta, mas intensa. E aquela noite, com o hospital quase vazio, a tensão parecia mais forte.
Enquanto ela organizava alguns prontuários na sala de medicação, a porta se abriu, revelando o Dr. Ricardo. Ele entrou sem dizer nada, o silêncio entre eles sendo preenchido por uma eletricidade palpável. Seus olhos se encontraram, e Ana sentiu um frio na barriga, como se já soubesse o que estava para acontecer.
— Plantão longo, não? — ele disse, a voz baixa, quase como um sussurro.
Ana assentiu, sem conseguir desviar o olhar.
— Sim... muito longo — respondeu, tentando manter a compostura, embora seu coração batesse acelerado.
O silêncio voltou a tomar conta da sala, e Ricardo deu um passo à frente, aproximando-se lentamente. Quando chegou perto o bastante para que ela sentisse o calor de sua pele, ele estendeu a mão, tocando de leve o rosto de Ana. Seu toque era suave, mas carregava uma intensidade que fez todo o corpo dela reagir.
— Eu venho te observando, Ana — disse ele, seus dedos agora deslizando pelo pescoço dela, que prendeu a respiração. — E não consigo mais evitar o que estou sentindo.
Ana não precisou de mais palavras. Seus corpos se moveram em direção um ao outro com uma urgência reprimida por dias. Ela sentiu o toque firme das mãos dele em sua cintura, puxando-a para mais perto, enquanto seus lábios finalmente se encontravam em um beijo profundo, carregado de desejo.
O ambiente clínico do hospital desapareceu, restando apenas o calor entre eles. As paredes brancas do pequeno consultório pareciam se fechar ao redor dos dois, criando um refúgio íntimo, onde cada toque era mais ousado, mais intenso. As mãos de Ana exploravam o peito de Ricardo, sentindo cada músculo sob o jaleco, enquanto ele a encostava gentilmente contra a mesa de medicação.
— Você me deixa louco — sussurrou ele ao pé do ouvido dela, enquanto seus lábios deslizavam pelo pescoço de Ana, fazendo-a suspirar.
Ela não conseguia pensar em mais nada além do momento que viviam. Cada beijo, cada carícia fazia o desejo entre eles crescer, até que o mundo fora daquela sala parecia não existir. Os dois se entregaram à paixão, ali, sob a luz branda e os sons distantes do hospital, como se fossem os únicos naquele lugar.
O plantão, que parecia interminável, de repente ganhou outra dimensão. Naquele encontro inesperado, Ana e Ricardo deixaram de lado as formalidades, e por um breve momento, foram apenas dois corpos em sintonia perfeita, experimentando o desejo que se acumulava há dias.
Quando finalmente se separaram, suas respirações ainda descompassadas, Ricardo sorriu, os olhos fixos nos dela.
— Isso vai ser nosso segredo — disse ele, com um brilho no olhar que deixava claro que aquela noite não seria esquecida tão cedo.
Ana, com o coração acelerado e um sorriso malicioso nos lábios, sabia que o plantão daquela madrugada seria apenas o começo de algo muito mais intenso entre eles.