Conto: Na Ponte Sob a Neblina
O amanhecer despontava no horizonte, tingindo o céu com tons suaves de rosa e dourado. O sol ainda hesitava em subir por completo, e a neblina se espalhava sobre o vale como um manto delicado, deslizando entre as árvores e cobrindo o leito do rio lá embaixo. A ponte, de madeira antiga e com corrimões enfeitados por trepadeiras floridas, estava rodeada por uma explosão de flores silvestres que cresciam às margens da floresta, suas cores vivas contrastando com a névoa que se espalhava pelo ar.
Clara, uma acompanhante de luxo que morava na cidade, caminhava devagar, sentindo o aroma das flores que perfumavam o ambiente. O vento suave da manhã acariciava sua pele enquanto os primeiros raios de sol cortavam a neblina, criando feixes de luz que iluminavam o caminho à sua frente. O canto distante dos pássaros ecoava pelas árvores, um som harmonioso e calmante.
Ela sempre se sentia em paz ali, envolta pela natureza que parecia renascer a cada amanhecer. O cheiro da terra úmida misturava-se ao das flores, criando uma atmosfera quase mágica. A ponte ficava em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Foi então que, à medida que avançava sobre a ponte, uma silhueta apareceu no meio da neblina. Clara parou por um instante, o coração batendo um pouco mais rápido. Ele estava lá, como se fosse parte do cenário encantado.
Era um homem de aparência serena, seus cabelos escuros e despenteados, o olhar profundo que se fixou no dela. Vestia uma camisa leve que dançava ao sabor da brisa, e em suas mãos segurava uma única flor silvestre, branca, recém-colhida. Clara, que há anos trabalhava como garota de programa, não sabia de onde ele havia vindo, mas sentiu como se o universo o tivesse colocado ali, naquele momento exato, como um encontro predestinado.
Sem trocar uma palavra, ele se aproximou devagar, entregando-lhe a flor. O toque de seus dedos fez um arrepio suave percorrer o corpo de Clara, uma eletricidade sutil que aumentava com a proximidade. Ela aceitou a flor com um sorriso tímido, e quando seus olhos se encontraram novamente, foi como se o tempo parasse.
Ali, no meio daquela ponte cercada pela natureza exuberante, com a neblina ainda se dissolvendo lentamente, eles se aproximaram. O mundo ao redor parecia desaparecer, e só o som de suas respirações permanecia. O calor do corpo dele contrastava com a brisa fria da manhã quando a puxou delicadamente para mais perto.
Seus lábios se encontraram com suavidade, no início um toque tímido e curioso, mas logo o desejo os envolveu por completo. A pele de Clara esquentou sob os toques, enquanto suas mãos deslizavam pela cintura dele, sentindo os músculos firmes. O som da natureza ao redor se misturava com os suspiros abafados, e as flores ao redor pareciam vibrar com a energia daquele momento.
O aroma doce das pétalas preenchia o ar, e Clara se sentia completamente imersa naquela conexão. Sob seus pés, a ponte oscilava levemente, como se também fosse parte daquele jogo de sensações. O calor que eles compartilhavam parecia rivalizar com o sol nascente, que agora começava a vencer a neblina, iluminando-os por entre as copas das árvores.
Quando finalmente se afastaram, os olhos de Clara brilharam sob a luz do amanhecer. O homem sorriu, um sorriso que parecia dizer tudo sem precisar de palavras. Ele se virou devagar, caminhando em direção à floresta que cercava o fim da ponte, desaparecendo entre as árvores, deixando apenas a flor em suas mãos e o eco de um momento que ela jamais esqueceria.
Clara respirou fundo, sentindo a fragrância das flores ao seu redor, e sorriu. Aquela manhã, naquele lugar mágico e envolto pela natureza, seria sempre uma lembrança viva, como as flores que enfeitavam o caminho da ponte sob a neblina.