Conto: Sob o Ceu de Sao Jose dos Pinhais
Lara caminhava pelas ruas de São José dos Pinhais, uma cidade em constante crescimento, onde o moderno e o tradicional se encontravam em perfeita harmonia. O sol de fim de tarde tingia o céu de um laranja suave, refletido nas janelas dos prédios que contornavam as avenidas movimentadas. Ela gostava desse horário. Era o momento perfeito para se preparar para mais uma noite.
Seu apartamento ficava em uma região discreta e bem localizada, próximo ao Aeroporto Afonso Pena. Era prático, já que muitos de seus clientes vinham de outras cidades e, ocasionalmente, até de outros países. Lara, uma acompanhante de luxo, tinha um círculo de clientes seletos e prezava por sua discrição e profissionalismo.
Com seus cabelos longos e negros, um corpo esculpido com dedicação na academia, e uma postura altiva, ela chamava atenção por onde passava. Mas Lara não estava interessada em ser notada. Ela preferia os olhares discretos e os elogios sussurrados, mantendo seu mundo reservado para poucos. Aos 29 anos, ela havia dominado a arte da sedução e da conversa. Sabia o que dizer, quando sorrir e como manter o equilíbrio perfeito entre o mistério e a proximidade.
A noite prometia ser especial. Lara aguardava um cliente que há tempos não via. Paulo, um engenheiro que morava em Florianópolis, mas que, devido a negócios, estava em São José dos Pinhais para fechar um grande contrato. Sempre havia sido um homem encantador, com boas histórias sobre o mundo da engenharia e suas viagens a trabalho. Entre um gole de vinho e outro, suas conversas se alongavam, e Lara apreciava o jeito que ele a fazia rir com suas aventuras.
Ao chegar ao apartamento, Lara acendeu algumas velas, perfumando o ambiente com um leve toque de lavanda. A decoração era elegante, mas não extravagante. Um espaço acolhedor, onde os detalhes mostravam seu bom gosto, mas sem excessos. Ela trocou de roupa, vestindo um vestido preto de seda, justo, mas sem ser vulgar, e seus saltos favoritos.
O interfone tocou e Lara respirou fundo antes de atender. Paulo subiu rapidamente, e quando ela abriu a porta, foi recebida com um sorriso caloroso e um buquê de flores.
— Achei que não te veria tão cedo, — disse ela, aceitando as flores com um sorriso.
— Os negócios me trouxeram de volta. Não podia deixar de te visitar, — respondeu ele, com aquele charme tranquilo que sempre a conquistava.
Sentaram-se no sofá com taças de vinho em mãos. A conversa fluiu fácil, como sempre. Paulo era engraçado, sem esforço, e a fazia esquecer por um momento que aquela era sua profissão. Ele compartilhava histórias de sua última viagem ao Oriente Médio, de como havia ficado fascinado pela cultura local e das dificuldades de negociar em um ambiente tão diferente.
— Sabe, Lara, tem algo que sempre me faz voltar para você, — ele disse, depois de um tempo, olhando para ela com sinceridade nos olhos.
— E o que seria? — perguntou ela, curiosa.
— Sua capacidade de me fazer sentir em casa, mesmo longe de qualquer lugar que eu conheça.
Lara sorriu suavemente. Ela sabia que seu trabalho era mais do que apenas companhia. Para muitos homens como Paulo, ela representava um espaço seguro, longe das pressões, responsabilidades e julgamentos que o mundo lá fora impunha.
Eles terminaram a noite em um jantar tranquilo, no restaurante que ficava a poucos quarteirões dali. Paulo gostava da comida simples e caseira, uma quebra da rotina sofisticada que sua vida exigia. Riam, trocavam confidências e, por um momento, pareciam apenas dois amigos aproveitando a noite, sem as camadas de formalidade que seu relacionamento naturalmente trazia.
Quando a noite terminou e Paulo partiu, prometendo voltar em breve, Lara ficou na sacada do apartamento, observando as luzes da cidade e o movimento das poucas pessoas que passavam pelas ruas. São José dos Pinhais sempre tinha essa calmaria à noite, e ela gostava disso. Ali, entre as ruas tranquilas e o céu estrelado, ela encontrava seu próprio refúgio, uma pausa entre encontros e histórias que cruzavam sua vida.
Ela sabia que, como Paulo, muitos voltariam. Não porque precisassem apenas de sua companhia, mas porque ela oferecia mais: um pedaço de tranquilidade, um espaço de conforto em meio ao caos. Sob o céu de São José dos Pinhais, Lara era mais do que uma acompanhante. Ela era uma história à espera de ser contada, uma companhia que fazia até os momentos mais efêmeros parecerem eternos.